Nas eleições norte-americanas de 2016, Facebook e Google foram acusados de terem favorecido o candidato republicano Donald Trump com a divulgação de notícias falsas sobre sua opositora, Hillary Clinton.
A discussão gerou nas últimas semanas debate sobre como os gigantes da mídia digital podem combater a disseminação de conteúdo noticioso falso. Apesar das medidas anunciadas, sabe-se que a luta será difícil: as mesmas empresas que dedicam recursos a acabar com o fake news são beneficiadas com os cliques para este tipo de conteúdo.
O fenômeno também ocorreu no Brasil, sem muito debate. Nas últimas eleições brasileiras e na nossa diária crise política, as notícias falsas se tornaram uma tradição nas redes como o Facebook. Perfis de caráter “noticioso”, porém sem compromisso com o jornalismo, se multiplicaram na rede, divulgando notícias para um público que, sem o hábito de ler jornais e revistas, muitas vezes não consegue diferenciar o que é editorial do que é propaganda, como atesta estudo de Stanford que afirma que 80% dos jovens não sabem a diferença entre anúncios e notícias.
Timeline é uma importante fonte de informação para o brasileiro
No Brasil, depois dos portais online de notícias (69%), a timeline é segunda fonte de informação jornalística principal para 43% dos internautas, seguida pelos telejornais com 36%.
A desconfiança em relação a timeline, porém, é alta: 35% não confiam no feed de notícias contra 20% dos que não confiam nos portais de notícia; 24% que não confiam nos telejornais e 28% dos que não confiam nos perfis de mídia independente das redes sociais.
Os dados são do estudo Hábitos e Comportamento dos Usuários Brasileiros nas Redes Sociais 2016, realizado pela E.life, que também identificou que 95% dos entrevistados têm acesso às notícias pelo celular, destes 76% as acessam diariamente.
Como combater o fake news?
Além de formar melhores leitores, pessoas e cidadãos mais críticos, com o hábito de ler notícias em veículos sérios, precisamos combater as notícias falsas usando a própria internet como espaço para checar os fatos. No guia abaixo sugerimos algumas dicas para empresas e pessoas comuns:
1. Monitores páginas do Facebook
Notícias falsas tanto podem ser divulgadas por veículos tradicionais quanto por noticiosos independentes. Porém, a multiplicação dos independentes gerou um novo desafio: como acompanhar as notícias em tempo real? São tantos veículos e com tantas correntes ideológicas, partidárias e temáticas distintas que a E.life mapeou apenas no Brasil mais de 400 páginas no Facebook. Hoje, com o Buzzmonitor, é possível monitorar e analisar em tempo real as publicações e os comentários destes veículos.
Nomes como HugeNews, Brasil Verde Amarelo, Mídia Ninja e Mega Buzz agora dividem a nossa atenção na timeline com Folha de S.Paulo, Veja e Carta Capital. Na E.life, com a ajuda da plataforma Buzzmonitor, encaramos o desafio de monitorar estas páginas no Facebook criando um monitoramento focado em seus conteúdos, afinal é nesta rede que circulam algumas das notícias falsas compartilhadas.
Neste dashboard podemos acompanhar quais os veículos mais ativos, além dos temas mais publicados e da reação de seus leitores através de hashtags e termos mais citados. Esse dashboard pode ser customizado para monitorar as notícias da sua marca, de seus produtos e concorrentes, compreendendo não apenas quando sua marca foi citada em veículos de comunicação independentes, mas a reação dos leitores.
2. Dê um Google
Antes de compartilhar ou sair promovendo aos quatro cantos uma notícia, dê um google. Busque termos relacionados àquela notícia não apenas nos resultados principais, mas também no Google News. Se a notícia for real você encontrará outros veículos a noticiando – averigue os links e verifique se são veículos confiáveis.
3. Consulte a Wikipedia
Nunca é demais consultar a Wikipedia para verificar se algum fato divulgado na notícia é de fato real. Geralmente os verbetes são editados muito rapidamente, como o verbete da atriz Carrie Fisher, que foi editado em menos de 24h após a sua morte. Durante as últimas eleições presidenciais brasileiras vários políticos foram associados a empresas. Buscando verbetes das empresas era possível pesquisar quem eram os verdadeiros sócios sem muito esforço.
4. Faça buscas no Twitter
Para fatos em tempo real talvez a melhor opção seja consultar o Twitter. Não há notícia no mundo que não esteja em tempo real no Twitter. A rede se consolidou como a favorita dos jornalistas e em casos onde a notícia é falsa, geralmente, é bem fácil fazer uma checagem de dados usando a busca da rede social. Os Trending Topics do Twitter, que são os assuntos que cresceram mais rapidamente em um determinado período de tempo, podem também indicar se um tema é notícia, mas mesmo assim ainda é preciso verificar sua veracidade.
5. Consulte a página Boatos.org
A página do Boatos.org, que também está no Facebook, do jornalista Edgar Matsuki, se propõe a compilar algumas das mentiras contadas na internet e que enganam milhões de pessoas todos os dias. Então, antes de sair compartilhando por aí vale checar no Boatos. E o Edgar também aceita a sugestão de temas que podem ser checados por ele.
6. Tenha mais responsabilidade com o que compartilha
Ter mais responsabilidade antes de clicar no “compartilhar” pode não apenas salvar o retratado de uma humilhação em uma notícia falsa, mas pode salvar sua reputação. Se tem dúvida ou não tem tempo para checar os fatos, o melhor é não compartilhar a notícia.